Não me sinto culpado, estou com medo
Muitas vezes ao chegarmos em casa e vermos uma bagunça feita pelo cão, olhamos para a aparência dele e podemos interpretar erroneamente como culpa. É até comum vermos vídeos na internet de tutores perguntando para os seus cães quem fez determinada coisa e depois atribuindo a culpa para o que parece estar com uma “cara de culpado”. As posturas corporais desses animais demonstram não que se sentem culpados, mas sim que estão ansiosos e com medo. Isso porque eles observaram a linguagem corporal e ouviram o tom de voz do tutor e já sabem que lá vem bronca. O que não quer dizer que esses animais relacionaram o castigo com o que fizeram, eles apenas sabem que serão punidos, o que os deixa com muito medo e ansiedade. Brigar com o seu animal nunca é a melhor forma de lidar com um problema, como veremos a seguir.
Não brigue comigo
Punir nunca é uma boa forma de ensinar o seu cão. Muitas vezes quando brigamos com o animal estamos na verdade recompensando o comportamento dele ao dar a atenção que ele buscava e com isso obtemos o efeito contrário ao que desejamos: ele passa a realizar cada vez mais o comportamento que desaprovamos. Outras vezes o animal não consegue relacionar a punição com o comportamento indesejado, pois já realizou muitas outras atividades antes de ser punido e assim não entende porque está levando a bronca. Porém, mesmo quando a punição é realizada logo após o comportamento indesejado, ela não resolve o problema e sim “mascara” os sintomas. Isso porque, muito dos comportamentos considerados problemáticos nos cães, são apenas demonstrações de que algo está errado, algo que podemos comparar com o sintoma de uma doença. Se você estiver doente e apenas tomar um remédio que trate os sintomas, e não a causa da doença, continuará ficando cada vez mais doente. A punição age assim, pode parecer resolver o comportamento indesejado momentaneamente, mas não resolve o que está causando o comportamento e com isso a patologia comportamental continua se agravando e outros comportamentos indesejados irão aparecer.
Eu não gosto de passar muito tempo sozinho
Lembre-se, o seu cão é um animal de companhia. Qual é o sentido de ter um animal de companhia para ficar sozinho? Como um animal social que é, o cão sofre por ficar por muito tempo sozinho. Caso precise se ausentar por mais de 4 horas, busque estratégias para amenizar a solidão do seu animal durante o seu período fora. Leia mais sobre esse assunto aqui.
Eu preciso roer
Roer é uma necessidade canina. Além de auxiliar na manutenção da saúde bucal, roer objetos apropriados é uma forma de seu cão aliviar o estresse. Providencie brinquedos e petiscos para que o seu cão possa mastigar e roer. Hoje em dia, temos disponíveis nos pet shops uma infinidade de brinquedos para roer e petiscos duráveis como tendões, orelhas defumadas e cascos de vaca. Brinquedos que podem ser recheados e necessitam ser lambidos e mordidos para liberarem o alimento, também são uma boa opção. Converse com o veterinário de sua confiança sobre a quantidade em que cada tipo de petisco pode ser oferecido para o seu animal sem alterar negativamente a dieta dele.
Eu preciso passear
O passeio para um cão tem o papel importante de promover a prática de exercícios e todos os benefícios que a acompanham, o que já é ótimo, mas vai muito mais além. Durante o passeio o cão explora o mundo ao seu redor: ele fareja novos odores, sente novas texturas, vê pessoas, lugares e animais diferentes, ouve sons diferentes, e algumas vezes até experimenta novos sabores – tudo isso promove um estímulo cognitivo e sensorial de extrema importância para saúde mental do cão. Passeie diariamente com o seu amigo, não o deixe o tempo todo em casa. Imagine como você se sentiria se passasse toda a sua vida preso no mesmo ambiente. Porém, alguns cães podem ser uma exceção à regra, cães que não foram ensinados a passear durante os primeiros meses de vida, que ficam muito ansiosos e/ou agressivos no ambiente externo ou com a presença de animais e pessoas desconhecidos podem precisar de um tratamento comportamental antes de conseguir aproveitar um passeio. Se esse é o caso do seu animal, busque o auxílio de em médico veterinário comportamentalista para lidar com os medos do seu animal.
Me apresente o mundo enquanto ainda sou filhote
Os cães possuem um período crítico, que vai das 3 até as 12 semanas de idade, conhecido como período de socialização. Nessa época o cão está mais aberto a contatos sociais, e deve ser apresentado a diferentes pessoas, animais e objetos com que terá de conviver durante a vida. É nesse período que o seu cãozinho precisa experimentar o mundo e fazer associações positivas com as situações em que será exposto no futuro. Também é nessa fase que o cão está mais suscetível a desenvolver traumas, por isso é importante que suas experiências sejam boas. Experiências como o primeiro banho, ser secado com um secador, caminhar usando coleira e guia (mesmo que dentro de casa), andar de carro, ir a lugares abertos (mesmo que no colo), visitar amigos que possuam outros cães que sejam saudáveis (vacinados e vermifugados), devem ser vividas nessa época de forma a sempre serem associadas a coisas boas, como carinho, atenção e petiscos. Ainda assim, caso você tenha um cão que já não é mais filhote e não foi devidamente ensinado nos primeiros anos de vida, não perca a esperança. Embora seja mais complicado, é sempre possível educar o seu cão a aceitar e, em alguns casos até a gostar de novas experiências.
Eu vou trabalhar melhor se estiver motivado
Assim como os seres humanos, os cães aprendem e trabalham melhor quando estão motivados. Se você deseja que o seu cão aprenda algo novo, ou apenas que lhe obedeça em algo que ele já sabe fazer, reforce-o. Nós, seres humanos, tendemos a nos focar nas coisas que não gostamos no outro e a punir. Experimente agir de forma diferente começando pelo seu amigo de quatro patas, ao invés de punir o que não aprova passe a reforçar o que ele fez certo e verá que a relação entre vocês será muito mais saudável e feliz.
Por favor, seja consistente
Uma grande fonte de estresse para os cães é a inconsistência dos seus tutores. Hoje ele pode subir no sofá e ganha carinho, amanhã ao subir ele leva bronca. Hoje ele pode pular na chegada do tutor e amanhã é proibido. Hoje ele recebe comida da mesa, mas amanhã ele é ignorado ao pedir. Entenda que o seu cão não sabe quando ele está limpo e pode subir no sofá, ele não diferencia se você está chegando em casa com uma roupa comum do trabalho ou com um vestido de festa e ele não sabe que hoje tem visita em casa e por isso ele não pode pedir por comida na mesa. Decida quais serão as regras e limites e seja consistente nisso. Não saber qual será a sua reação e o que é o ou não permitido é uma fonte intensa e constante de estresse na vida de um cachorro.
Eu posso parecer bravo e corajoso, mas na verdade isso é medo
A maioria dos cães que demonstram agressividade o fazem por medo. Não se engane, o seu cão não está tentando ser o líder da casa, ele apenas está demonstrando o medo e a insegurança dele mediante as situações. Aprender a reconhecer os sinais de que o seu cão está com medo pode ajudar a evitar situações que o levem à agressividade. Busque o auxílio de um médico veterinário comportamentalista para auxiliá-lo a reconhecer e lidar melhor com o medo do seu cão.
Não me abandone quando eu ficar velho ou doente
As ONGs estão lotadas de animais que foram abandonados devido à idade avançada ou à doenças, sejam elas físicas ou comportamentais. Antes de adotar ou comprar um cão tenha em mente que ele pode viver cerca de 18 anos e que pode desenvolver doenças. Saiba que ter um cão demanda tempo e dinheiro e que ele é totalmente dependente do seu tutor. Seja responsável e tenha respeito à vida do seu animal.